sexta-feira, 27 de julho de 2012

REFLEXÕES. 1 - AGENTE CULTURAL e ADMINISTRADOR CULTURAL

Caros estudantes, as postagem com título de Reflexões são como o combinado, conteúdos extras, anexos, apêndices e provocações fora do ambiente presencial. Então vamos lá.
o que é AGENTE CULTURAL e ADMINISTRADOR CULTURAL?


Agente cultural

            Aquele que, sem ser necessariamente um produtor cultural (Artista) ele mesmo, envolve-se com a administração das artes e da cultura, criando as condições para que outros criem ou inventem seus próprios fins culturais. Atua, mais freqüentemente embora não exclusivamente, na área da difusão, portanto mais junto ao público do que do produtor cultural (artista). Organiza exposições, mostras e palestras, prepara catálogos e folhetos, realiza pesquisas de tendências, estimula indivíduos e grupos para a auto-expressão, faz enfim a ponte entre a produção cultural e seus possíveis públicos.

Em 1995, com a aceitação legal de sua figura, antes vetada, passou-se a também no Brasil a chamar de agente cultural a quem encontra patrocinadores para um projeto cultural pronto. Esse uso do termo é uma apropriação e uma distorção de seu sentido histórico. Buscar recursos para um projeto cultural é uma atividade de corretagem ou, na melhor das hipóteses, de produção e como tal deveria ser designada, nomeando-se a pessoa que exerce essa atividade de administrador cultural, produtor cultural ou intermediário cultural (v. intermediação cultural).


Administrador cultural


Administrador cultural é a expressão utilizada preferencialmente nos países anglo-saxões para designar o profissional que atua como mediador entre o produtor cultural (artista), o público, o Estado e o empresário cultural ou incentivador (em qualquer combinação de duas dessas quatro figuras ou entre as quatro simultaneamente). Sendo de fato designado em inglês como arts administrator (na Inglaterra, em termos de política cultural a palavra-chave é arte e não cultura: assim, têm-se mais freqüentemente art centers e não cultural centers), o administrador cultural confunde-se em parte com o agente cultural da tradição francesa mas, à diferença deste, encarrega-se de atividades mais propriamente administrativas, enquanto seu correspondente francês trata especificamente da ação cultural em si.

Embora se tenha notícia do exercício da administração da cultural tanto na Grécia antiga, como na Roma de Ovídio (v. mecenato) ou na França de Molière, considera-se que na Inglaterra o primeiro administrador cultural diretamente pago pelo Estado data de 1639: tratou-se de William d'Avenant, um poeta e proprietário de um teatro.

A expressão "administrador cultural" é aplicada a uma ampla gama de profissionais - professores, trabalhadores sociais, legisladores, funcionários de órgãos culturais, agentes culturais - que exerçam num determinado momento, em termos atuais, três funções básicas: 1) criar as condições para que a produção cultural aconteça; 2) aproximar o produtor cultural de seu público; 3) estimular a comunidade a desenvolver seu próprio potencial criativo, o que se consegue por intermédio da formação de públicos, da descoberta e da preparação de artistas profissionais.

São atividades do administrador cultural: a) a produção de obras ou espetáculos; b) aquilo que tradicionalmente se chamou de animação; e c) a formação.

A Unesco, em seu relatório Cultural Development in Asia, estabeleceu uma dicotomia entre as figuras do artista (ou produtor cultural) e do administrador, apresentando-os como complementares mas não sobrepostos ("o administrador interessa-se pela arte mas não está diretamente envolvido com a arte e, sim, com sua administração"). Na atualidade, esse conceito ampliou-se. Fala-se num administrador-artista (como nas artes plásticas, domínio em que o próprio artista negocia as condições de exposição e venda de seus trabalhos com o marchand); no administrador como parceiro do artista (como nas expressões "diretor técnico" e "diretor cultural", quando ambas as funções existem num museu ou centro de cultural, ou como no par maestro (diretor artístico) e diretor administrativo, no caso de uma ópera ou sinfônica); no administrador como auxiliar do produtor cultural (o agente de um artista); no administrador como diretor do produtor cultural (editores que orientam o trabalho de escritores, marchands que requerem um certo tipo de produção); no administrador como funcionário do Estado; no administrador como auxiliar do público. De um modo ou de outro, o que se espera desse administrador é: que consiga os recursos econômicos para a produção de uma obra cultural; que organize a rotina necessária a essa produção (o que inclui um trabalho com público); que incentive o produtor e o público.


FONTE:
DICIONÁRIO CRITICO DE POLÍTICA CULTURAL - Cultura e Imaginário
Teixeira Coelho, Editora Iluminuras, 1997.

Para Download: 
http://pt.scribd.com/doc/6620513/Dicionario-Critico-de-Politica-Cultural-Teixeira-Coelho

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